sábado, 23 de julho de 2011

Papa lamenta morte de arcebispo perseguido pelos soviéticos




Faleceu na manhã de quinta-feira, 21, na Bielorússia, o Arcebispo Emérito de Minsk-Mohilev, Cardeal Kazimierz Swiatek, aos 96 anos.

Em um telegrama enviado ao Bispo de Grodno e presidente da Conferência dos Bispos Católicos da Bielorússia, Dom Aleksander Kaskiewiecz, o Papa Bento XVI expressou suas condolências pela morte do cardeal, recodando seu “testemunho corajoso de Cristo e de Sua Igreja em tempos particularmente difíceis” e ainda o entusiasmo com que contribuiu “para o caminho do renascimento espiritual” daquele país.


Uma história de fé e perseverança durante o regime soviético

Cardeal Kazimierz Swiatek nasceu em Walga, em  8 de abril de 1939, poucos meses antes do início da Primeira Guerra Mundial. Em 21 de abril de 1941 foi preso pela KGB, serviço secreto soviético, e confinado na prisão de Brest na cela da morte.

Aproveitando a confusão criada após a invasão alemã na União Soviética, em 22 de junho, ele conseguiu escapar da prisão e retomar seu trabalho pastoral em seu país.

Em 18 de dezembro de1944 foi novamente preso pela KGB e levado a prisão de Minsk onde ficou até o dia 21 de julho de 1945. Condenado a 10 anos de serviços forçados nos campos de concentração, passou dois anos em Mariinsk, na Sérvia, e sete anos em Vorkuta e Inta trabalhando nas minas.

Libertado em 16 de junho de 1954, retoma logo seu trabalho pastoral. Em 1991 é nomeado Arcebispo de Minsk-Mohilev e administrador apostólico ad nutum Sanctae Sedis de Pinsk.

Após as mudanças políticas na União Soviética e da proclamação subsequentes da soberania de Belarus, reorganizar as estruturas eclesiásticas no território que lhe são atribuídos, organizando de uma forma particular para a recuperação e reconstrução de igrejas e formação do clero.

Em 1994, o Papa João Paulo II nomeia-o cardeal e em 2004 concede-lhe o Prêmio Fidei Testis (Testemunha da Fé), conferido pelo Instituto Paulo VI em razão do seu testemunho de fé e coragem a favor de Cristo e do Evangelho nos anos difíceis de perseguição sofridas pela Igreja no oeste europeu.  

Em seu diário de prisão, Dom Kazimierz Swiatek escreveu: “Somente nos últimos anos no campo de concentração consegui ter a hóstia e o vinho para celebrar, às escondidas, a Santa Missa. Como cálice usei uma taça de cerâmica, enquanto levava a hóstia consagrada aos católicos em uma caixa de fósforo. Recordo de uma Missa de Páscoa celebrada com alguns prisioneiros católicos numa lavanderia a vapor. Em toda minha vida sacerdotal, esta foi a Páscoa mais querida”.

Nicole Melhado
Da Redação, com News.va (tradução: CN Notícias)



 

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